domingo, 6 de novembro de 2011

Publicidade enganosa

Leia o trecho da matéria do portal Última Instância, reproduzido abaixo. De que forma é possível relacioná-lo ao conceito de medicalização social?


Medicamento
Um homem que se tornou dependente de antidepressivo garantiu no STJ indenização por danos morais no valor de R$ 100 mil. Por maioria de votos, a 3ª Turma entendeu que a bula indicava que o medicamento servia para melhorar a memória, mas, com o passar do tempo, a empresa modificou a indicação para tratamento antidepressivo sem avisar devidamente a população.

O autor do recurso nesse caso (REsp 971.845) é um professor que começou a tomar o medicamento Survector em 1999 para melhorar sua atividade intelectual. A bula, que inicialmente era omissa, passou a alertar para o risco de insônia, transtornos mentais e risco de suicídio, efeitos que acometeram o consumidor, que passou a sofrer dependência química.

O Survector era comercializado de forma livre, mas depois passou para o grupo de medicamentos com venda controlada. Mesmo assim a bula permaneceu inalterada por mais de três anos. O professor ajuizou pedido de indenização por danos morais e materiais alegando que, quando tomou ciência dos efeitos adversos, já estava dependente.

Segundo a ministra Nancy Andrighi, autora do voto vencedor, é no mínimo temerário dizer que o cloridrato de amineptina, princípio ativo do Survector, é uma substância segura. Segundo a ministra, a ausência de advertência da bula que acompanha um medicamento com tal potencial de gerar dependência é publicidade enganosa, caracterizando culpa concorrente do laboratório, suficiente para gerar seu dever de indenizar.

Andrighi acentuou que a questão se agrava por não constar que o laboratório tenha feito um grande comunicado, alertando os consumidores das novas descobertas e do risco que a droga trazia. A alteração da recomendação para o medicamento resumiu-se à renovação da bula e, posteriormente, à nova qualificação do medicamento, comercializado com tarja preta. “É pouco”, sintetizou a ministra.





quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Sugestões de filmes on line


Há dois documentários que podem ajudar a pensar os assuntos tratados em sala hoje. "Comprar, Tirar, Comprar" é útil para discutir a obsolescência programada, a neofilia, o consumo alienado. "Engenharia dos Animais" traz o debate sobre o trabalho como atividade tipicamente humana.


Comprar, Tirar, Comprar, de Cosima Dannoritzer


 

Comprar, tirar, comprar from Dinero Libre on Vimeo.



Ciência Viva - Engenharia dos Animais


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terça-feira, 25 de outubro de 2011

O trabalho na música brasileira

Selecionamos algumas músicas que permitem discutir sobre concepções do trabalho presentes na música brasileira. Que outras músicas vocês indicam? De que forma elas podem ser articuladas à discussão feita por Cotrim (2002)?



O Trabalho me Deu o Bolo

Moreira da Silva e João Golô


Enquanto eu viver na orgia

Não quero mais trabalhar

Trabalho não é para mim

Ora, deixa quem quiser falar.



Quando eu tenho pesadelo
Vou sonhar com espantalho
Foi quando eu ouvi ao longe
Alguém falar em trabalho
Eu agora resolvi
Que não hei de ser mais tolo
Marquei encontro com trabalho
Trabalho me dá o bolo.
(É sempre assim)
Fui trabalhar, trabalho estava cruel
Eu disse ao patrão: Senhor, me dá meu chapéu
Eu não quero trabalhar, trabalho vá pro inferno
 Se não fosse meu amor, nunca que eu botava um terno."

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O bonde São Januário
(Wílson Batista e Ataulfo Alves)


Quem trabalha é que tem razão
Eu digo e não tenho medo de errar
O bonde São Januário
Leva mais um operário:
Sou eu que vou trabalhar

Antigamente eu não tinha juízo
Mas hoje eu penso melhor no futuro
Graças a Deus

Sou feliz, vivo muito bem
A boemia não dá camisa a ninguém
É, digo bem

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Vai trabalhar vagabundo 

Chico Buarque
 (Para o filme Vai trabalhar vagabundo de Hugo Carvana) 

Vai trabalhar, vagabundo
Vai trabalhar, criatura
Deus permite a todo mundo
Uma loucura
Passa o domingo em família
Segunda-feira beleza
Embarca com alegria
Na correnteza

Prepara o teu documento
Carimba o teu coração
Não perde nem um momento
Perde a razão
Pode esquecer a mulata
Pode esquecer o bilhar
Pode apertar a gravata
Vai te enforcar
Vai te entregar
Vai te estragar
Vai trabalhar

Vê se não dorme no ponto
Reúne as economias
Perde os três contos no conto
Da loteria
Passa o domingo no mangue
Segunda-feira vazia
Ganha no banco de sangue pra mais um dia

Cuidado com o viaduto
Cuidado com o avião
Não perde mais um minuto
Perde a questão
Tenta pensar no futuro
No escuro tenta pensar
Vai renovar teu seguro
Vai caducar
Vai te entregar
Vai te estragar
Vai trabalhar

Passa o domingo sozinho
Segunda-feira a desgraça
Sem pai nem mãe, sem vizinho
Em plena praça
Vai terminar moribundo
Com um pouco de paciência
No fim da fila do fundo
Da previdência

Parte tranquilo, ó irmão
Descansa na paz de Deus
Deixaste casa e pensão
Só para os teus
A criançada chorando
Tua mulher vai suar
Pra botar outro malandro
No teu lugar
Vai te entregar
Vai te estragar
Vai te enforcar
Vai caducar
Vai trabalhar 

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Mama África
Chico Cesar 


Mama África
a minha mãe,
é mãe solteira
e tem de fazer mamadeira
todo o dia
além de trabalhar
como empacotadeira
nas Casas Bahia (2x)

Mama África tem
Tanto que fazer 
Alem de cuidar neném
Alem de fazer denguim
Filhinho tem que entender
Mama Africa vai e vem
Mas não se afasta de você.

Mama África
a minha mãe,
é mãe solteira
e tem de fazer mamadeira
todo o dia
além de trabalhar
como empacotadeira
nas Casas Bahia

Quando mama sai de casa
seus filhos se olodunzam
rola o maior jazz
Mama tem calos nos pés
Mama precisa de paz
Mama não quer brincar mais
filhinho dá um tempo
é tanto contratempo
no ritmo de vida de Mama

Mama África
a minha mãe,
é mãe solteira
e tem de fazer mamadeira
todo o dia
além de trabalhar
como empacotadeira
nas Casas Bahia (2x)

 (Deve ser legal, ser Negão no Senegal)

Mama África
a minha mãe,
é mãe solteira
e tem de fazer mamadeira
todo o dia
além de trabalhar
como empacotadeira
nas Casas Bahia (2x)

Mama África 
a minha mãe
a minha mãe
a minha mãe.


Higiomania e medicalização social

Segue uma atividade para trabalhar com os conceitos trazidos por Nogueira e por Tesser: Roteiro Higiomania Com 3 ens NOGUEIRA, Roberto Passos. A segunda crítica social da Saúde de Ivan Illich. Interface (Botucatu), Botucatu, v. 7, n. 12, Feb. 2003 .

 TESSER, Charles Dalcanale. Medicalização social (I): o excessivo sucesso do epistemicídio moderno na saúde. Interface (Botucatu), Botucatu, v. 10, n. 19, June 2006 .

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Natureza e Cultura

Caros estudantes,

Como dizia hoje, a discussão da semana passada me motivou a ir atrás de mais leituras. Encontrei este artigo que pode interessar a vocês. Chimpanzés possuem cultura

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Morte no trabalho

Questão: analise a reportagem a seguir, publicada no portal Gambare:

Japão terá que pagar indenização por morte em trabalho
Corte de Nagoya diz que o governo deve pagar pensão à família de um ex-funcionário da Toyota que morreu por excesso de trabalho
por Redação Tudo Bem 11.12.2007

Em uma conferência para a imprensa, a viúva Hiroko Uchino, mostra a foto de seu marido que faleceu em 2002 depois de trabalhar 106 horas extras em um mês
A corte da província de Nagoya considerou na sexta-feira 30 que o antigo funcionário da Toyota Motor Kenichi Uchino morreu em 2002 por excesso de trabalho, conhecido como “karoshi”. A decisão foi contrária à do Ministério do Trabalho que havia recusado benefícios à viúva por considerar que a morte do trabalhador não havia acontecido por este motivo.


O funcionário, que tinha apenas 30 anos quando morreu no dia 9 de fevereiro de 2002, havia trabalhado 109 horas extras no mês em que faleceu, e pelo menos 80 horas extras nos 6 meses anteriores. O juiz que presidiu a sessão, Toshiro Tamiya, afirmou que Uchino “estava tão cansado que não conseguia nem brincar com seus filhos” relacionando a sua morte à quantidade de horas que dedicava ao trabalho na fábrica de carros da Toyota na província de Aichi.


O processo foi iniciado pela viúva de Uchino, Hiroko, 37 anos, que exigiu a revisão da decisão que rejeitou as alegações de que o empregado, responsável pela checagem de qualidade da fábrica de montagem havia falecido por excesso de trabalho.
Morte por karoshi são difíceis de serem comprovadas devido ao longo tempo de exposição ao estresse e à quantidade de variáveis envolvidas nesse tipo de morte. Isso faz com que os processos se arrastem por diversos anos, o que desestimula as famílias de perseguir indenizações, além do fato de que é muito arraigada na cultura japonesa a idéia de que o trabalho duro é uma coisa louvável.


O ano de 2006 registrou até março 355 casos de doenças graves por causa de trabalho em excesso, um aumento de 7,6% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Desse total, 147 pessoas morreram. O aumento é atribuído à disseminação de trabalhos informais de de meio-período, uma vez que esse tipo de trabalhador não possui a segurança que possibilite trabalhar menos horas.


Uchino, que estava na empresa desde 1989, desmaiou durante o expediente e morreu de falha cardíaca no hospital. A Toyota se recusou a comentar a decisão afirmando que a disputa judicial envolvia apenas o governo e a família Uchino, mas disse que está tomando medidas para que seus empregados não trabalhem demais.
Publicado originalmente no site do jornal Tudo Bem em 11/12/2007.

Extrair ou tratar?

Questão: analise a reportagem abaixo, publicada no portal Pesquisa FAPESP:

Preconceito na cadeira de dentistaEdição Impressa 118 - Dezembro 2005


A raça – ou, mais precisamente, o aspecto racial – de uma pessoa pode influenciar na decisão de um dentista em extrair ou tratar um dente cariado, concluiu um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A conclusão é o resultado de um estudo feito em Recife com 297 dentistas. Todos eles avaliaram a mesma situação: extrair ou tratar um dente molar bastante cariado? Examinaram imagens detalhadas do dente, viram as fotos das pessoas que seriam tratadas e souberam que eram de pobres em bom estado de saúde, que relatavam apenas uma dor moderada no molar. A equipe coordenada por Etenildo Dantas Cabral, da UFPE, apresentou-lhes dois cenários, elaborados de tal forma que apenas a raça do paciente era diferente, e pediu-lhes que contassem o que fariam. Segundo o estudo publicado na Community Dentistry and Oral Epidemiology, 9,4% dos dentistas, valor considerado estatisticamente relevante, preferiram extrair o molar dos pacientes negros, mas tratar o dos pacientes brancos. No entanto, nenhum dentista, independentemente do nível socioeconômico, decidiu extrair o dente de um branco e tratar o de um negro. Para os autores desta pesquisa, as conclusões mostram o peso de comportamentos estereotipados e reforçam a importância de os cursos de odontologia oferecerem também um pouco mais de ciências humanas, que poderiam ajudar a reduzir o preconceito racial.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Ditadura do risco

Questão: Analise a matéria a seguir, publicada no portal Ciência Hoje:

A medida do risco

Pesquisador da Fiocruz faz um alerta sobre os exageros na preocupação com os riscos em saúde na vida cotidiana. Para evitar excessos, recomenda uma avaliação individual mais fria e cética diante de afirmações alarmantes.Por: Daniela OliveiraPublicado em 12/04/2011


Ter uma alimentação balanceada, praticar exercícios e usar diariamente protetor solar são atitudes que hoje fazem parte da vida de muitas pessoas. Na maioria das vezes, mais que necessárias para combater doenças já existentes, tais ações buscam minimizar os riscos de desenvolver futuros problemas de saúde.


Essa noção de risco, que começou tímida em meados do século passado, tem atualmente participação vigorosa em nosso cotidiano e cumpre uma função bastante positiva no sentido da prevenção.


O problema é quando a preocupação em evitar riscos passa a ser exagerada, seja por incentivo da indústria da saúde ou por pressão da própria sociedade. Nesse caso, o acesso ao conhecimento, que deveria oferecer maior tranquilidade para lidar com as ameaças à saúde, torna-se fonte de mais inquietação e ansiedade.


“Não devemos demonizar a noção de risco, mas o espírito da nossa época transformou isso em algo obsessivo”, observa Luis David Castiel, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz. Ele é um dos autores do livro Correndo o risco: Uma introdução aos riscos em saúde, publicado recentemente pela Editora Fiocruz.


Na avaliação de Castiel, o afã de lidar com as ameaças à saúde torna as medidas de prevenção exageradas. “Na hora em que alguém decide se vai ou não ingerir gorduras saturadas, se vai se dedicar a exercícios físicos, fumar ou não fumar, tudo isso faz com que esse indivíduo esteja todo o tempo preocupado. Estamos todo o tempo envolvidos em práticas para afastar a ameaça. Considero que aí a vida fica muito mais difícil”, observa o pesquisador.

Ditadura do riscoA questão é polêmica, principalmente porque implica em desafiar conhecimentos estabelecidos, presentes no discurso de boa parte dos profissionais da área de saúde. Para Castiel, existe um interesse da indústria farmacêutica em perpetuar o discurso da prevenção a qualquer preço.


“Vivemos numa sociedade em que a prevenção também é uma forma de transformar alguém num paciente, ou num pré-paciente, sem que haja necessariamente um médico tratando”, observa o pesquisador.

Além disso, o excesso de preocupação com o risco cria um ambiente moralista, propício a atitudes extremas. “Por exemplo, as pessoas têm que compulsivamente controlar seu peso. Já constatamos que a obesidade é uma doença, mas em vez de ter medidas de caráter coletivo, em geral elas são de culpabilização do indivíduo, ou seja, culpabilização da vítima”, explica Castiel.


Os meios de comunicação, na visão do pesquisador, também contribuem para incentivar a cultura do risco. “Há canais de TV que são especialistas na sustentação desse discurso do risco. A mídia acompanha o discurso da ciência. Quase nunca se entra na discussão sobre as controvérsias”, diz.


Ele usa como exemplo um estudo desenvolvido em 2006, nos Estados Unidos, que mostrou que a diminuição em 10% da ingestão de gorduras não fazia diferença no caso de doenças relacionadas, como hiperlipidemia. “Imediatamente, vários órgãos de imprensa questionaram que isso não era possível, até porque era um discurso contrário ao conhecimento existente.”

Qual a medida?Diante da inevitabilidade de se expor a riscos, como decidir sobre o que merece ou não nossa preocupação? Castiel reconhece que é muito difícil definir um limite, especialmente quando se acumulam possibilidades de riscos à saúde com outros riscos, como ambientais. Um exemplo é o terremoto que atingiu recentemente o Japão e que aliou o risco de desastres naturais com outros advindos da tecnologia (por conta dos possíveis vazamentos de resíduos tóxicos de usinas nucleares).


A medida, segundo ele, deve ser determinada individualmente. “Não existe uma receita. Trata-se de uma questão lamentavelmente solitária, em que cada um vai tentar buscar esse equilíbrio”, aponta.


Para evitar excessos, o pesquisador recomenda que, diante de uma afirmação de risco, o indivíduo pergunte a si mesmo “e daí?” e acione um “freio de emergência”. “O que predomina hoje é o exagero. E o que mais me surpreende é a ausência de dúvida diante de um ambiente que tem tantas implicações. Por isso precisamos estar sempre dispostos a parar e pensar.”
Daniela OliveiraEspecial para a CH On-line/ RJ

Divisão Social do Trabalho

Recomenda-se a leitura do verbete Divisão social do Trabalho, do Dicionário da Educação Profissional em Saúde.

Automedicação em casos de dor de dente

Questão: analise a reportagem abaixo, publicada no portal Tepe:

Prática de automedicação em casos de dor de dente é comum segundo pesquisa

Pesquisa realizada no Recife (PE) mostra que a maioria dos farmacêuticos não se preocupa em pedir a prescrição médica, principalmente aqueles com maior tempo de trabalho na área e menor qualificação profissional.

A dor exerce um impacto tão grande em uma pessoa, que, muitas vezes, a leva a se automedicar. Levando em consideração que a dor de dente é uma das mais prevalentes entre a população e também uma das mais incômodas, Flávia Duarte e equipe da Faculdade de Odontologia da Universidade do Estado de Pernambuco resolveram avaliar os fatores associados à automedicação relacionados à dor de dente, de modo a contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população.

Para tanto, os pesquisadores analisaram o nível de conhecimento dos profissionais de farmácias do Recife (PE) sobre a automedicação relacionada à dor de dente. Foram entrevistados 179 profissionais em 120 estabelecimentos visitados. Os dados foram coletados através de questionário. De acordo com artigo publicado na edição de abril de 2008 da revista Ciência & Saúde Coletiva, “em países desenvolvidos, os rígidos controles estabelecidos pelas agências reguladoras e o crescente envolvimento dos farmacêuticos com orientação dos usuários de medicamentos tornam menos problemática a prática da automedicação. Já no Brasil, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (ABIFARMA), cerca de 80 milhões de pessoas são adeptas da automedicação”.

Os resultados mostram que 67,0% dos entrevistados atenderam pessoas que relataram dor facial nos últimos seis meses, sendo que 91,6% relataram dor de dente. Os especialistas observaram ainda que 83,7% dos homens e 73,3% das mulheres indicaram medicamentos sem prescrição e que os profissionais com 2º grau indicam mais medicamentos sem prescrição para pacientes com dor de dente. “Ficou evidenciado que o tempo de atividade no setor e a formação do profissional são fatores que podem contribuir para o aumento da automedicação, tendo sido demonstrado que quanto maior o tempo de trabalho na área e menor a qualificação profissional, maior o percentual de indicação de medicamentos sem prescrição”, afirmam no artigo.

Segundo os pesquisadores, o impacto da dor de dente na utilização de medicamentos reforça a necessidade de informar a população sobre o uso adequado destes medicamentos. “Este trabalho demonstrou a importância de serem planejadas ações de promoção de saúde bucal que envolvam os profissionais da área de dispensação de medicamentos, pois dado a grande falta de acesso aos serviços odontológicos da população brasileira, principalmente entre os 20% mais pobres e que estão na faixa etária de 20-49 anos, estes profissionais podem se constituir em importantes agentes promotores da saúde bucal”, ressaltam.
Fonte: Odontologia

Cáries contagiosas

Questão: analise a reportagem abaixo, publicada no portal Veja:


Dentistas alertam: as cáries são contagiosas
Bactérias causadoras do problema são transmitidas de pessoa para pessoa
Publicado em: 31/03/2011
Por: The New York Times

É comum colocar no consumo de doces a culpa pelo surgimento de cáries nos dentes. Mas o que nem todo mundo sabe é que o açúcar não é o grande vilão deste problema. As cáries podem ser transmitidas de pessoa a pessoa, como ocorre com gripes e resfriados.

As cáries são causadas, principalmente, por bactérias que aderem aos dentes e se alimentam das partículas que sobraram da sua última refeição. Um dos subprodutos criados por elas é um ácido que provoca a degeneração dentária. Assim como o vírus da gripe é contagioso, as bactérias causadoras dessas cáries também o são. E os mais vulneráveis a elas são as crianças. Estudos comprovam que é comum entre os pequenos o surgimento de cáries provocadas por bactérias que estavam no boca de pessoas próximas. O exemplo mais comum são os casos em que as mães decidem provar a comida dos filhos para verificar se o alimento não está quente demais.

A dentista Margaret Mitchell, de Chicago, explica que a transmissão também pode ocorrer entre casais. "Uma vez, uma paciente de aproximadamente 40 anos, que nunca havia tido uma única cárie, apareceu com duas cáries de uma vez, já começando a desenvolver uma gengivite", afirma. Foi quando Margaret descobriu que sua paciente havia começado a namorar um rapaz que não ia ao dentista havia 18 anos e sofria de gengivite.

Para diminuir o risco de contração de cáries, a especialista recomenda o uso frequente de fio dental e bastante escovação, além de chicletes isentos de açúcar, pois estimulam a salivação, limpando as placas e as bactérias.

Diagnóstico "fast-food"

Questão: analise a reportagem abaixo, publicada no portal Bem Paraná:


Diagnóstico "fast-food" pela internet preocupaPesquisa revela que maiores consumidores de saúde na rede tem nível superior04/04/11

Por Úrsula Neves, da Agência Fiocruz


A internet multiplica seu número de usuários em velocidade acelerada: diariamente, são 500 mil novas pessoas conectadas em todo o mundo. No Brasil, os internautas já somam 66,3 milhões – 38% dos quais acessam a rede diariamente. A proporção de sites acompanha este ritmo, pulando de singelos 315, em 1982, para os impressionantes 174 milhões atuais. Neste público de volume cada vez maior, a saúde se torna a mais recente vedete, colocando temas como dieta, longevidade, exercícios físicos, estética, segurança dos alimentos e medicamentos no topo das listas dos assuntos mais procurados.

A elevada circulação de informações relacionadas à saúde e a influência das tecnologias de informação e comunicação sobre este tópico chamaram a atenção do pesquisador Paulo Roberto Vasconcellos-Silva, do Laboratório de Inovações Terapêuticas, Educação e Bioprodutos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Ele está especialmente preocupado com os riscos e as fraudes a que os indivíduos podem se expor no ambiente da internet – o que, no âmbito da saúde, podem trazer sérias consequências.Para o autor do estudo "é uma pena que a internet, que deveria funcionar como uma ferramenta para evitar a sobrecarga do sistema de saúde, venha fazendo justamente o oposto e incitando a sociedade à medicalização da vida"

“Sites fraudulentos no tema da saúde muitas vezes se baseiam na promessa de que um único remédio cura uma ampla variedade de doenças; o que chamamos de panacéia. Eles utilizam conteúdos baseados em falsas premissas científicas ou com falsas referências de sites técnicos sérios com a finalidade de enganar os visitantes”, alerta o especialista.
O fato de que a maior parcela dos consumidores desses produtos tem nível superior surpreende, uma vez que as informações contidas nesses sites estão fora do convencional, geralmente recorrendo a teorias que confrontam a medicina tradicional. Terapias de potencialização de DNA e tratamentos para a remoção de carma estão neste pacote. Outro boom são os sites de autodiagnóstico, que oferecem a ilusão de um diagnóstico médico correto para identificar doenças potencialmente graves.


Esses endereços virtuais mostram um boneco tridimensional da figura humana, no qual o usuário deve indicar o local onde o sintoma está situado e, em seguida, responder a uma série de perguntas. Como resultado, o site oferece um diagnóstico. Vasconcellos-Silva, que sofre de enxaqueca crônica, fez o teste online e conta a sua experiência. “Respondi ao questionário e, ao final, a mensagem dizia para chamar a emergência porque eu tinha grande probabilidade de sofrer um aneurisma cerebral”, relata. O pesquisador ressalta que, no outro extremo, sites fraudulentos também podem conduzir a sub-diagnósticos.
Mas como indivíduos com instrução superior buscam pela internet uma solução para problemas crônicos incuráveis, como Alzheimer, Aids e tipos de câncer em estado avançado? Vasconcellos-Silva acredita que o crescimento desses sites indica uma lacuna do sistema de saúde. E ao mesmo tempo, afirma, aqueles indivíduos que consomem produtos e procuram na internet informações em saúde estão em busca de alívio e esperança para a cura de suas doenças – algo que não encontra espaço nas estruturas clássicas de tratamento.


“Se, por um lado, com o crescimento da rede os usuários têm mais acesso a informações, por outro, continuam com pouco acesso aos sistemas de saúde. É uma pena que a internet, que deveria funcionar como uma ferramenta para evitar a sobrecarga do sistema de saúde, venha fazendo justamente o oposto e incitando a sociedade à medicalização da vida”, aponta o pesquisador.


Ele também observa que, como desdobramento das numerosas orientações disponíveis na rede, surgem grupos que exageram no controle sobre alimentação, exercícios físicos, exposição ao sol e até a frequência sexual, vivendo, assim, uma vida calculada. “Estamos em uma época cercada de muitas prescrições e proscrições, sob um conceito de gestão de saúde subjetiva, e não exatamente a mais indicada para cada tipo de indivíduo”, conclui Vasconcellos-Silva.